A JubartData vem desenvolvendo metodologias de análise de mercado em duas frentes: a análise do discurso dos agentes envolvidos em determinados segmentos e a coleta de preços no e-commerce.
Ao longo de 2022 e 2023, coletamos mais de 220 mil dados de preços de diversas proteínas animais e, agora, incluímos em nossa lista de coleta dados de frutas, legumes, verduras, azeites, vinhos e muito mais.
Temos duas frentes de coleta: o que chamamos “praça pública”, que envolve coleta indiferenciada dos preços dos produtos, onde coletamos dados de muitas delicatessens e atacadistas. Uma outra frente é a coleta diária de dados do grande varejo. Hoje são mais de 600 itens coletados, que envolvem 80 cidades no Brasil.
Aqui vamos resumir alguns trechos de um estudo que fizemos com o salmão. Em um outro momento traremos dados mais complexos que envolvem a correlação entre produtos.
No gráfico abaixo, podemos ver a distribuição dos preços do filé de salmão com pele em lojas do grande varejo no mercado de Brasília, cidade onde moro. Esses dados foram coletados diariamente por tecnologia desenvolvida pela JubartData.
Os dados foram então tabulados mês a mês, onde o preço mediano (aquele que representa o valor do meio na lista de preços do mês) é identificado como a linha que cruza a barra central de cada mês. É fácil perceber nos dois gráficos que o preço do Carrefour variou bem menos que o preço da loja do Pão de Açúcar. Além disso, é claro perceber também a queda no preço do produto nas duas redes nesses últimos meses do ano.
Em seguida, juntamos os dados do preço médio de importação do salmão fresco e a mediana do preço de cada mês da cotação diária do dólar, em índice do Banco Central. Com esses dois valores, construímos um preço em reais para a entrada no Brasil do salmão chileno (desconsiderando outros custos como impostos, aduaneiros, etc.). Esse valor é caracterizado no gráfico abaixo pela linha azul como “preço impo” e é apresentado em reais.
A linha vermelha refere-se ao preço mediano do filé de salmão fresco, independente da rede do varejo, convertido para um quilograma, mesma medida do preço mediano da importação.
A linha verde é um fator de multiplicação entre o preço mediano do varejo e o preço da importação, o que aqui vou denominar como o tal MVA (uma Margem de Valor Agregado – mas, por favor, não confundir com a MVA da questão tributária, bem mais complexa).
A nossa MVA seria o acréscimo percentual que o valor do produto importado receberia até o valor de comercialização ao consumidor final. Um exemplo: em março de 2023, o salmão inteiro fresco entrou no Brasil custando um pouco mais de R$ 45, e foi comercializado, atenção, na forma de filé fresco a quase R$ 90, ou seja, houve um acréscimo de aproximadamente 100%.
Falando ainda do mês de março de 2023, esse foi o mês do menor valor da nossa MVA, provavelmente pela importância do salmão no período de vendas da Semana Santa.
Ao longo do segundo semestre do ano, o preço de importação e o preço do varejo caem juntos, conservando o MVA em uma ordem de 150 a 180%.
Ainda é cedo para avaliarmos em mais detalhes o padrão de comportamento e o aprofundamento da correlação entre esses fatores e outros que não foram aqui listados, mas é certo que a partir de um olhar mais detalhado do passado e também do momento atual, podemos nos antecipar a eventos futuros e planejarmos melhor respostas para um mundo cada vez mais dinâmico.
Uma outra questão que ainda estamos desenvolvendo é qual a correlação de MVA das outras categorias e a sazonalidade de oferta e demanda, como no caso da Semana Santa ou as festas de fim de ano, por exemplo. Mas isso é assunto para outro post.
